sábado, 27 de junho de 2009

Autor de “Meu nome não é Johnny” no Salão de Ideias.

O auditório Meira Junior recebeu Guilherme Fiúza nesse sábado, às 15 horas. O autor do polêmico livro que deu origem ao filme estrelado por Selton Mello, "Meu nome não é Johnny", falou sobre sua trajetória profissional, sobre o processo de adaptação do livro para o roteiro, sobre a repercussão na mídia e sobre tráfico e consumo de drogas.
Fiúza trabalhou no “Jornal do Brasil”, foi editor de política no “O Globo” e editava um site quando resolveu escrever a história de João Guilherme Estrella, o Johnny. “Sempre gostei de redação e estava cansado de reescrever textos dos outros. Aí me veio a idéia de escrever um livro”, contou, explicando o processo de negociação com João Estrella. “Quando ele disse que sim, eu achei que era mais uma loucura dele, que desistiria depois de um mês”, disse. “Recuei, deixei passar uns três meses e voltei a procurá-lo. E aí, vamos fazer? Foi a resposta dele”.
O escritor admitiu que as vendas do livro subiram após a repercussão do filme, e discutiu dificuldades acerca da adaptação do roteiro. “A idéia era sempre reproduzir o livro e às vezes isso fica artificial”, explicou.
Guilherme também falou sobre a escolha de produtores. “A Marisa Leão desenhou uma casa e dividiu em dois. Em cima, um pai doente. Embaixo, o filho fazendo festa”, contou Fiúza, mostrando que a produtora tinha em comum com ele o mesmo olhar sobre o livro.
As perguntas da platéia deram a oportunidade de discutir assuntos polêmicos. Perguntado sobre o dilema ético de escrever um livro que possivelmente estimulasse o consumo de drogas, Fiúza disse que não temeu criar um “traficante gente fina”: “Eu não escrevi uma história para passar mensagens sociais. Se existe uma história humana, de alegria, de tristeza, de dor, de arrebatamento, eu estou lá pra contar”, disse.
A coordenadora de ensino médio de um colégio contou que sugeriu a exibição de “Johnny” para seus alunos, e foi voto vencido, pela questão da glamourização do tráfico. Fiúza opinou, dizendo que cair no clichê do tabu não funciona, e que várias escolas do Rio de Janeiro incluíram o livro em suas grades. O método tradicional de tratar sobre drogas não vem mostrando eficácia. “Às vezes a gente subestima a inteligência da garotada”, argumentou.

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